segunda-feira, 6 de junho de 2016

Truque de Mestre: O 2º Ato

(Now You See Me 2, EUA, 2016) Direção: John M. Chu. Com Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Daniel Radcliffe, Michael Caine, Morgan Freeman.


Por João Paulo Barreto

Óbvia continuação do relativo sucesso de 2013, Truque de Mestre: O Segundo Ato, com o perdão do trocadilho infame, não repete com a mesma eficiência a mágica pretendida em seu original, que, apesar de pecar pelas sequências demasiadamente longas nas explicações, divertia apesar de, justamente, se tratar do típico filme de um truque só (outro trocadilho).

Aqui, com menos apuro criativo nas ideias seus passes mágicos, o filme se torna um tanto enfadonho e sem surpreender o espectador do mesmo modo eficiente visto no seu original. A começar por não contar com um plot twist à altura daquele do personagem Dylan Rhodes (Ruffalo), que até conseguiu tirar do espectador a típica surpresa da sua revelação por trás de todos os golpes, apesar de não tornar o longa menos esquecível por isso, friso.

Desta vez, temos o retorno de Arthur Tressler (Caine) em busca de vingança por seu dinheiro perdido e uma constrangedora atuação de Daniel Radcliffe como um suposto mágico rival do grupo dos quatro cavaleiros vividos por Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Dave Franco e Lizzy Caplan, que substitui Isla Fisher como representante feminina da equipe.

O bando reunido para mais um golpe
Quando aponto como constrangedora a atuação de Radcliffe, não me refiro tanto a sua competência como ator. Aqui, nitidamente se percebe que muitos dos problemas relacionados à sua participação têm origem na criação do roteiro, que, apesar de iniciá-lo supostamente como alguém que se equipara em competência aos quatro mágicos citados, acaba se tornando um caricato vilão em busca de vingança e do amor paterno. Fora isso, a inevitável lembrança que o filme nos traz do personagem mágico que lançou o ator cria uma graça momentânea, mas logo deixada de lado.

Um acerto do filme está em manter a sua verve tecnológica, cuja montagem rápida e câmera em constante traveling nas cenas em que vemos o grupo em ação, ajudam a criar um ritmo eficiente para o longa. A sequência em que o grupo rouba uma espécie de chip, condicionando-o a uma carta de baralho passada de um para o outro enquanto uma equipe de guardas os revista, apesar de um tanto forçada, diverte na criação de tensão e comédia.  

Britânicos presentes: Daniel Radcliffe e Michael Caine
Ainda no âmbito do espetáculo visual, que é a grande marca do grupo em suas apresentações em público, O Segundo Ato exagera um tanto na grandiloquência de seu desfecho, quando a Tower Bridge, famoso cartão postal de Londres, é utilizada como telão para fechamento do ato final do grupo.   

É o tipo de filme que exige ao máximo de seu público no quesito da suspensão da descrença, algo que era levado, em seu original, com mais sutileza (dadas as devidas proporções, claro). Aqui, o que se tem é justamente a repetição, só que exagerada, de um mesmo truque de mágica.

Pode até ter dado certo uma vez, mas na segunda já se torna previsível.