domingo, 5 de abril de 2015

Páscoa e alguns filmes de chocolate

Direto ao ponto. Que tal seis filmes para fugir das reprises de A Paixão de Cristo e aproveitar o sabor dos chocolates da Páscoa? Confere aí! 

Por João Paulo Barreto 


A Fantástica Fábrica de Chocolates (Willy Wonka & The Chocolate Factory, EUA, 1971)
Pensar em chocolate no cinema e não se lembrar desse clássico absoluto é um tanto impossível. Filme nostálgico para muito trintão de hoje em dia, o longa é baseado no livro do britânico Roald Dahl, e representa um dos mais adorados best sellers do século XX. Narrando a história do pequeno Charlie, um jovem de origem humilde que sonha em conhecer o interior da Fábrica de Chocolates Wonka, o filme apresenta o pequenino e sua pobre família, que ajuda o garoto a realizar seu desejo através de um cupom dourado encontrado por sorte em uma barra da guloseima. Junto com um grupo de crianças que também encontraram (de forma honesta ou trapaceando) um cupom, Charlie adentra com o avô na fábrica capitaneada pelo tal Willy Wonka, um (sádico?) simpático homem que insere diversas provas pelas quais os garotos têm que passar. Diversas teorias conspiratórias pregam que Wonka não passa de um sádico que, na verdade, odeia crianças. Vivido por um sorridente Gene Wilder, essa teoria não é assim tão perceptível durante o longa. A não ser, claro, se você o assista já com isso em mente.


Como água para Chocolate (Como água para Chocolate, México, 1992)
Apesar de seu título, não é somente a iguaria mais consumida nessa época do ano que é abordada nesse filme mexicano que traz o trabalho de fotografia do vencedor dos dois últimos Oscars na categoria, Emmanuel Lubezki (aqui, ainda em começo de carreira). Utilizando como metáfora para o desejo sexual tanto a guloseima à base cacau quanto diversas outras comidas, o filme apresenta uma época em que a repressão desse desejo tem um apoio conservador oriundo da sociedade e da família daquele tempo, período da Revolução Mexicana. Quando vemos uma mulher que havia sido proibida de se casar com o homem que ama por conta dos caprichos da própria mãe, ter sua libido desperta de forma selvagem e autodestrutiva, o simbolismo da libertação a partir de uma arte como a culinária se torna evidente. E uma cena envolvendo um bolo de chocolate e tudo o que ele pode causar a um casamento retrata de forma sagaz essa liberdade perseguida.


Chocolate (Chocolate, EUA, 2000)
Bobinho, embora pretensioso em sua produção feita para ganhar o Oscar de 2001 (e indicado a cinco prêmios da Academia), esse filme dirigido pelo especialista em dramalhões, Lasse Hallström (de Regras da Vida e o recente Querido John), tenta emular um pouco da revolução que a culinária pode causar em um pequeno lugarejo como o visto em Como água para Chocolate. Aqui, a trama é transferida para uma vila no interior da França e o aspecto sociológico e histórico do período político mexicano é reduzido para as fofocas de simplórias donas de casa francesas. Juliette Binoche interpreta uma pequena comerciante de talentos extraordinários na confecção de chocolates que resolve abrir uma pequena loja para vender suas iguarias. Semelhante ao que vimos na película mexicana, os doces causam um rebuliço na vida social e sexual dos casais da região. Tendo um Johnny Depp no papel de um cigano musicista e vitima do racismo local, o par romântico de nossa protagonista está formado.


A Fantástica Fábrica de Chocolates (Charlie and the Chocolate Factory, EUA, 2005)
Em sua refilmagem (feita em parceria com Johnny Depp, seu colega constante), Tim Burton apresenta uma versão mais ácida e óbvia quanto aos ressentimentos que Willy Wonka nutre pelas crianças que convida a conhecer o interior de sua fábrica. Vivido por um Depp que sempre se esforça para tornar evidente a bizarrice de seus personagens, essa colorida versão dirigida pelo quase sempre monocromático Burton investe bem mais no aspecto psicológico do seu protagonista e nos seus traumas familiares para explicar o porquê de suas rusgas para com os pequeninos (e, em alguns casos, irritantes) visitantes. Do mesmo modo como na versão original, a vontade de comer chocolates é inevitável ao subir os créditos. Cantarolar as músicas, idem. Ainda mais, aliás.


Românticos Anônimos (Les émotifs anonymes, França, 2010)
Mais um filme a abordar a confecção do chocolate e suas consequências românticas. Aqui, temos outra expert na arte de criar as guloseimas, mas sem nenhum traquejo social para lidar com pessoas, muito menos para encarar qualquer possibilidade de relacionamento amoroso. Ao conseguir um emprego em uma fábrica de chocolates, Angélique, além de surpreender a todos com seus dotes culinários, precisa lidar com as investidas românticas de Jean-René, seu chefe, que, assim como ela, tem problemas crônicos sobre como lidar com sua timidez. No caso dele, tal problema é exclusivo das relações com o sexo oposto. Situações hilárias e um tanto nonsenses ilustram bem a condição dos protagonistas em um filme bem amarrado e divertido.


Me Late Chocolate (Idem, México, 2013)
Inédito no Brasil, Me Late Chocolate (algo como “Chocolate, me bate”, em tradução livre do espanhol) é mais uma obra mexicana a mesclar relações amorosas ao hábito de confeccionar chocolates. De qualidade inferior aos outros filmes dessa lista, Me Late, Chocolate é uma comédia romântica leve que, apesar de irregular, diverte de forma despretensiosa. Abusando dos desencontros amorosos de sua protagonista, Moni, que, após perder seu quase noivo em um acidente inusitado, decide se dedicar ao que mais gosta: fabricar chocolates. O problema é que qualquer tentativa de achar um novo amor é frustrada por visões hilárias do falecido. Vale tanto pelas risadas das situações absurdas, como pela rápida participação de Edgar Vivar, nosso eterno Seu Barriga, de Chaves.



Um comentário:

  1. Gostei da ideia. Procuro, a propósito, filmes que tenham "alimentação" como temática central.

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