segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ela Morava na Frente ao Cinema

(Pernambuco, 2011, 30´) Direção: Leonardo Lacca. Com Renata Roberta, Renata de Fátima, Olimpio Costa, Jorge Queiroz, Bruna Rafaella Ferrer.


Curta do diretor pernambucano Leonardo Lacca, Ela Morava na Frente ao Cinema aborda a relação nostálgica que a personagem principal possui com o local onde morou anteriormente (a tal referência geográfica do título). No entanto, o que leva a crer que seria uma forma poética de se abordar o tema da mudança de espaços e a relação entre admiradores do cinema, torna-se uma trama confusa que aborda temas como homossexualidade reprimida, adaptação a novas experiências de vida, sejam elas sexuais ou apenas afetivas, e aceitação de si mesmo sem aprofundar nenhuma delas.

O filmes apresenta Renata, uma garota fora dos falsos padrões de beleza da sociedade, recebendo uma fita com misteriosas imagens que, supostamente, mostram o antigo lugar onde ela vivia, uma casa que ficava em frente a um antigo cinema de Recife. Hoje, no local, funciona uma assistência técnica de aparelhos eletrônicos. Sem conseguir assistir a fita, ela leva o vídeo cassete ao lugar para um reparo.


Renata busca lembranças perdidas em sua antiga casa 

A partir daí, o filme se torna confuso, sem um foco específico em determinada trama. Ele apenas passa a ilustrar a rotina da personagem, seja mostrando-a na citada assistência, visitando os cômodos do que um dia foi seu lar (mas sem uma profundidade emocional que capture o espectador na história), ou em seu trabalho como garçonete na cafeteria local. E o roteiro que, inicialmente, sugeriu um mistério por trás da tal fita, ignora totalmente esse fato até o final da projeção.

Apesar de apresentar falhas em sua trama, Ela Morava na Frente do Cinema traz tomadas interessantes, repletas de simbolismos que, somados ao sentimento de nostalgia que a protagonista sente, justificam seu tom onírico. Por se sentir ainda ligada ao seu antigo lar e viver inerte em um mundo onde todos, exceto ela, parecem evoluir (e seu emprego como garçonete em uma cafeteria representa bem essa inércia), suas visitas frequentes à assistência mostram sua vontade de viver, novamente, em um tempo onde sua vida parecia fazer mais sentido. E o modo como o curta capta a forma lúdica como a garota parece enxergar a vida é tocante. Em uma cena que faz uma referência à Rosa Púrpura do Cairo, a vemos, praticamente, adentrar na tela do cinema numa alusão à idealização que ela busca de sua vida.

Uma vida intensa que a belíssima cena do beijo proibido no banheiro da cafeteria representa de forma ideal em sua pressa, dor e vontade de tornar aquele momento contínuo.





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