quinta-feira, 28 de junho de 2012

A Era do Gelo 4

(Ice Age - Continental Drift, EUA, 2012) Direção: Steve Martino e Mike Thurmeier. Com as vozes de Ray Romano, John Leguizamo, Denis Leary.   


Por João Paulo Barreto

Não são todos os filmes de animação que chegam a ter três continuações e ainda conseguem manter a originalidade do original. Shrek é um exemplo desse erro. Infelizmente, A Era do Gelo 4 faz parte dessa leva de sequências desnecessárias que buscam espremer ainda mais seus personagens os fazendo abusar das características que os tornaram engraçados no original. Características essas que foi bom rever no segundo, que já começou a abusar no terceiro, mas que, no quarto, já não causa mais graça, mas, sim, risinhos forçados.

A terceira continuação das aventuras do trio Diego, Sid e Manny (dessa vez sem o brasileiro Carlos Saldanha na direção) já começa de acordo com a premissa básica dos outros exemplos da franquia: o esquilo Scrat em busca do lugar ideal para esconder sua preciosa noz. O personagem, que no longa anterior chegou a ser melhor aproveitado com a inserção de um par romântico, parece ter sido assumido pelos roteiristas como uma muleta de graça para a história. Uma espécie de pausa para a piada da vez ou a resposta para a pergunta que ninguém faz: onde estará Scrat agora? Ah, sim, tentando achar um lugar para a noz. Ou seja, o filme acaba usando as inserções do personagem unicamente para tentar captar a graça que o mesmo tinha quando ainda era novidade.


Diego e Shira, seu futuro par romântico na quinta aventura
Nessa nova aventura, há quase que uma repetição da história do segundo filme no que tange à razão para os heróis saírem do seu habitat natural: enquanto na segunda parte o degelo os levavam a seguir em frente, dessa vez é o mover de uma placa tectônica que faz com que o trio acabe parando ilhados em alto mar sobre um iceberg. Na tentativa de voltar para sua família que ficou no continente, o mamute e cia enfrentarão um macaco marujo e toda a tripulação de seu “iceberg pirata”, que inclui, claro, algum personagem que possa justificar uma quinta aventura. Dessa vez a ideia caiu em um par romântico para Diego, o tigre.

Claro, não é preciso assumir uma postura rabugenta em dizer que o filme não acerta em tais inserções de novos personagens. A família de Sid é um caso à parte. E o roteiro de Michael Berg (que já havia escrito o maravilhoso filme original) é bem feliz ao colocar entre os três protagonistas a avó de Sid. São dela as melhores frases do filme, como a sua reação ao se ver sob o encanto de uma sereia ou feliz ao tomar um banho de mar. Porém, o filme perde a graça ao tirar o foco dos quatro e contar o pequeno drama da filha adolescente de Manny. Porém, como se deve valorizar a boa mensagem sobre amizade e família que, nesse momento, o longa traz para as crianças que estarão presentes na sala de cinema, releva-se a presença desses personagens por uma boa causa.

A trupe de novos personagens e a certeza de um quinto filme
Agora, difícil mesmo é relevar o número musical que A Era do Gelo 4 faz na cena de apresentação dos piratas. É um pouco improvável julgar como natural esse tipo de artifício da Disney clássica (que a Dreamworks soube ironizar tão bem nos primeiros filmes de Shrek), ser utilizado em uma animação produzida atualmente. Como vi o longa em uma sala repleta de marmanjos jornalistas, fiquei sem saber se tal fórmula ainda funciona para crianças. Agendarei uma sessão na companhia de meus sobrinhos para confirmar isso.

Observação: Apesar de gostar da versão original, não há como não dar méritos à boa dublagem de Tadeu Mello, Diogo Vilela e Márcio Garcia ao trio de protagonistas. Porém, em um mundo perfeito, os exibidores dariam a opção de salas legendadas também para animações. Utopia... Do jeito que a cosia anda, em breve só haverá sessões dubladas para todos os filmes.

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