segunda-feira, 18 de julho de 2016

Entrevista: Patrick Lapp (La Vanité)

O ator Patrick Lapp na pele do arquiteto David Miller
No papel do arquiteto amargurado e decidido a morrer, David Miller, o veterano ator Patrick Lapp repete em La Vanité a parceria com o diretor Lionel Baier, com quem trabalhou em Longwave – Nas ondas da revolução, filme de 2013. Dessa vez, uma performance mais carregada em um filme que flerta sutilmente com a tragicidade cômica. Decidido a morrer no quarto barato do hotel que projetou, David acaba por encontrar na curiosidade de se conhecer melhor certos indivíduos, uma razão para ficar por aqui um pouco mais e adiar seus planos de eutanásia. Sobre essa opção básica do ser humano e na ideia de que consegue atuar do mesmo modo que uma criança faria, Patrick Lapp, um homem de poucas palavras, mas de opiniões firmes, conversou com o blog Película Virtual no breve papo que você confere abaixo.

Por João Paulo Barreto

Havia alguma preocupação ou dúvida na abordagem de um tema tão complexo quanto a eutanásia na construção do seu personagem para o filme?

Sabe, na Suíça, a eutanásia assistida é aceita de forma legal já há três ou quatro anos. O nome da associação responsável pelo serviço é EXIT. Pessoalmente, eu estive presente quando minha tia morreu com a presença e assistência da EXIT. Foi algo simples e rápido. Após isso, era algo bem simples para David Miller fazer.

Há uma questão curiosa sobre a morte eo fato de que ela deveria se uma escolha pessoal e individual. “Eu escolho quando eu quero partir”. Qual sua opinião sobre isso?

É possível demonstrar escolhas para muitas coisas. Mas, com a morte, você precisa ser muito cuidadoso. Ela gosta de fazer piadas e de brincar com suas escolhas e sonhos. A morte é a melhor amante dominadora.

Ao lado de Valérie Donzelli, em cena de Longwave - Nas ondas da revolução


Esta é a sua segunda colaboração com Lionel Baier. Há uma boa conexão entre você e ele no set e podemos perceber uma boa química desde Longwave – Nas ondas da revolução. Podemos esperar por outros projetos com vocês trabalhando juntos novamente?

Eu gostaria muito de trabalhar de novo com Lionel. Espero que não tarde muito, porque eu estou muito velho...

David Miller e o senhor compartilham quase a mesma idade. Havia outras similaridades entre ele e o senhor?


Eu atuo como uma criança. Por exemplo, uma criança pode brincar fingindo se um rei. Quando chega a hora de ir para cama, ela coloca o rei em uma gaveta e volta a ser ela mesma novamente. Para mim, é a mesma coisa com o David Miller.

David, em seu último momento, encontra dois bons amigos que valem a pena seu esforço para ficar mais um pouco no mundo. Em tempos em que a xenofobia é mostrado tão evidente na Europa, há uma questão muito importante: o fato de que os estrangeiros estão ajudando uns aos outros . O que você acha sobre este boa abordagem do filme?

Eu não acredito na fraternidade humana… mas, com a proximidade da morte, talvez.


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