quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Quando as Luzes se Apagam

(Lights Out, EUA, 2016) Direção: Divid F. Sandberg. Com Teresa Palmer, Gabriel Bateman, Maria Bello, Alexander DiPersia.


Por João Paulo Barreto

Principal nome da leva recente de obras de terror, o diretor malaio James Wan (Invocação do Mal 1 e 2) produz este exemplar típico de sua filmografia, na qual, apesar de seu inicio gore com Jogos Mortais, passou a abordar um terror mais baseado em sustos fáceis e de total dependência dos efeitos (leia-se barulhos altos) sonoros na  manipulação público.

Em Quando as Luzes se Apagam, o estreante diretor David F. Sandberg segue os passos do próprio Wan, que dirigiu o curta Saw e, logo depois, sua versão em longa metragem. Originalmente lançado como um curta metragem de menos de três minutos, Lights Out consegue fôlego em sua história simples para se tornar um filme enxuto de uma hora e vinte. Na trama, o espírito de Diana, uma jovem que morreu em um hospício após ser vitimada por experiências que investigavam sua rara doença de pele, passa a assombrar a vida de Sophie (Maria Bello), que foi amiga de Diana quando viveu na mesma instituição psiquiátrica.

Sophie (Maria Bello) e seu filho Martin: relação conturbada
Capaz de se manifestar apenas nas sombras, o que funciona como um ótimo elemento de suspense, apesar dos cenários convenientemente forçarem situações nas quais a escuridão é inserida de modo às vezes deslocado (por exemplo, o depósito de manequins na cena que abre o filme, um local que normalmente seria repleto de luzes fluorescentes), tal condição traz uma ambientação que capta de forma bastante eficiente o medo subjetivo que o roteiro possui em sua estrutura. Medo esse, claro, que logo deixa de ser subjetivo quando a tal entidade é personificada em cena, sendo estes os pontos altos do filme.

Na trama, Diana acaba por desequilibrar a sanidade de Sophie, algo que reflete na criação de seu filho caçula, Martin, e de sua primogênita do primeiro casamento, Rebecca, que deixou a casa para viver sozinha e longe da influência pesada da mãe. Outro ponto que o roteiro força um pouco barra está na construção da personagem da jovem Rebecca, que tem nas paredes do seu apartamento diversos pôsteres de bandas heavy metal, com caveiras e outras figuras que remetem à morte. Em um clichê constrangedor, temos nisso claramente uma tentativa de se desenhar uma personalidade rebelde que foge do passado traumático se escondendo na fachada agressiva que tais figuras desenham. Por sorte, o roteiro não explora tanto essa personalidade e o tal ambiente, ao menos, rende um dos assustadores momentos do longa, em uma das aparições de Diana.

"Who you gonna call?": Rebecca e o namorado chegam para salvar a mãe
Usando os efeitos sonoros de forma a ampliar os sustos causados no espectador, o filme perde um pouco do seu impacto justamente por nos fazer imaginar o quão eficiente seriam as cenas aterrorizantes sem tais exageros na manipulação. Curiosamente, alguns dos sons proferidos por Diana remetem ao mesmo efeito sonoro utilizado por Peter Jackson na trilogia O Senhor dos Anéis, nos momentos em que os Nazgûl aparecem. Mas, enfim, o público alvo para esse tipo de filme sabe para que está comprando o ingresso e tem nos sustos fáceis parte da diversão em sua estada no cinema.

Apesar de um final um tanto artificial no esforço de chocar o espectador, há de se reconhecer certa coragem ao se encerrar a história sem um gancho vigarista para uma continuação (não que isso seja um empecilho) e sem a obrigatoriedade de algo 100% feliz. 

Às vezes, o agridoce funciona. 

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